Indiciado no caso Bruno Henrique revela que sabia com antecedência sobre cartão amarelo: 'Confirmo' 4f1v8
Douglas Ribeiro Pina Barcelos fez acordo com o Ministério Público para não ser processado; defesa do atleta diz que denúncia é 'insubsistente e manifestamente aproveitadora' 7703r
Douglas Ribeiro Pina Barcelos, um dos indiciados na investigação sobre a suposta manipulação de resultados envolvendo o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, confessou que sabia com antecedência que o jogador seria advertido com um cartão amarelo na partida contra o Santos, em 2023. O vídeo com a confissão foi publicado pelo ge. Na última quarta-feira, Bruno Henrique foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) por estelionato e fraude esportiva. A defesa do atleta, porém, considera a ação insubsistente, ou seja, sem fundamento. 3n2i3i
A confissão de Barcelos ocorreu no dia 4 de junho, durante uma audiência virtual que durou cerca de 10 minutos, com a participação de integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Distrito Federal. Entre os dez investigados no caso, ele foi o único a firmar um acordo com o Ministério Público, escapando de ser formalmente denunciado.
Durante a sessão, o promotor Rodrigo Araújo apresentou as condições do acordo e detalhou as propostas oferecidas pelo Ministério Público. Após a concordância de Barcelos e de seu advogado, Luiz Henrique Alves de Oliveira, o promotor fez a leitura de um resumo das acusações.
"Presente acordo de não persecução penal tem por objeto fatos relacionados à obtenção e tentativa de obtenção de vantagem indevida em prejuízo de empresas de aposta on-line. Empresas que foram induzidas e mantidas em erro mediante meio fraudulento consistentes no cadastramento de palpites sobre eventos secundários da partida entre a equipe do Clubes de Regatas do Flamengo e o Santos Futebol Clube no dia 1 de novembro de 2023 no estádio Mané Garricha, no Distrito Federal, cuja ocorrência seria provocada de forma criminosa e lhe foi previamente informada", diz Rodrigo Araújo.
Na sequência, ao ser questionado se havia praticado os atos pelos quais estava sendo acusado, Barcelos itiu. "Confirmo", respondeu Douglas Ribeiro Pina Barcelos.
A denúncia contra Bruno Henrique, apresentada em 11 de junho, é um desdobramento da investigação que apontou que o atleta forçou o cartão amarelo para beneficiar familiares em um esquema de manipulação de apostas online.
Além do jogador, outras oito pessoas foram denunciadas, entre elas primos e o irmão dele, Wander Pinto Júnior, que teria sido avisado com antecedência sobre a intenção do atleta de receber o cartão durante a partida contra o Santos.
A pena para o crime de fraudar competição ou evento esportivo, previsto no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, varia de dois a seis anos de prisão. Já o crime de estelionato prevê reclusão de um a cinco anos. Para o MPDF, também houve associação criminosa entre os envolvidos.
"Não há como deixar de enfatizar que o denunciado Bruno Henrique Pinto, de forma livre e consciente, ingressou na esfera do crime, mesmo reunindo todas e as melhores condições para dela se manter afastado e, mais do que isso, mesmo sendo dele esperado que agisse como um difusor de exemplo de combate às fraudes esportivas e aos crimes envolvendo as apostas por meio de sites de apostas", afirmou a denúncia.
Agora, cabe à Justiça do Distrito Federal decidir se aceita ou não a denúncia. Caso a acusação seja recebida, Bruno Henrique se tornará réu, e a ação penal começará a tramitar até o julgamento, ainda sem prazo definido.
A defesa do atleta classificou a denúncia como insubsistente e oportunista, por ter sido apresentada às vésperas da estreia de Bruno Henrique e do Flamengo no Mundial de Clubes.
"A denúncia oferecida pelo MPDF, além de inteiramente insubsistente, é manifestamente aproveitadora, dado o contexto em que oferecida, coincidentemente na mesma data em que divulgada a lista de jogadores inscritos para o Mundial de Clubes da Fifa, na qual consta o Sr. Bruno Henrique. Embora a medida do órgão ministerial seja oportunista, a sua defesa esclarece que as indevidas acusações formuladas serão técnica e imediatamente refutadas no processo", respondeu a defesa de Bruno Henrique.
O lance que colocou Bruno Henrique sob suspeita aconteceu aos 50 minutos do segundo tempo da partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, quando ele recebeu o cartão amarelo.
Com o cartão, familiares do atleta teriam conseguido ganhos financeiros ao apostarem no evento com alta margem de retorno. O irmão de Bruno Henrique, Wander, por exemplo, teria apostado R$ 380,86 e recebido R$ 1.180,67. A esposa de Wander, cunhada do jogador, teria apostado em duas plataformas distintas: R$ 380,86 em uma e R$ 500,00 em outra, obtendo retornos de R$ 1.180,67 e R$ 1.425,00, respectivamente. Uma prima do atleta também teria apostado R$ 380,86 e recebido o mesmo valor de volta.
Nas últimas semanas, Bruno Henrique tentou o arquivamento do processo. Sua defesa protocolou petição na 7ª Vara Criminal, alegando que a conduta atribuída ao jogador não corresponde aos fatos relatados no inquérito.
Além disso, Bruno Henrique também foi ouvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no dia 29 de maio. A Procuradoria do órgão recebeu o inquérito e, a partir desta terça-feira, tem um prazo de 60 dias para decidir se irá denunciá-lo ou não na esfera esportiva. Caso a denúncia seja apresentada, o atacante poderá ser suspenso por até dois anos.
