'Minha cela era um lugar triste', diz brasileiro preso por engano pela imigração dos EUA 2x5r69
Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, dividiu o local com 35 homens e contou ter sido mal-alimentado nos seis dias em que esteve detido 1pf3j
O estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que foi preso em 31 de maio por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) e solto seis dias depois, contou que a cela onde estava era um "lugar triste" e que dividia o local com 35 homens. 11r4j
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Na manhã de 31 de maio, Marcelo dirigia o carro do pai, a caminho do treino de vôlei na Milford High School, em Milford, no estado de Massachussetts, quando foi cercados por agentes do ICE, que anunciaram a prisão dele.
Após ser preso, Marcelo foi algemado e levado para um estacionamento e, na sequência, colocado em uma van preta com outros quatro homens --dois equatorianos e dois brasileiros. Depois, foi conduzido ao centro de detenção de Burlington. Sem saber o que estava aconteceno e nem o motivo da prisão, ele relatou ter ficado em estado de "choque".
"Minha cela era um lugar triste. A gente dormia no concreto", contou Marcelo ao jornal O Globo. "Era muito quente. A gente abria um pouco da porta pra poder respirar. Ficávamos o dia inteiro dentro da cela sem fazer nada. A comida que eles davam era horrível. Arroz velho e um macarrão ruim."
Marcelo relatou que trocou de celas algumas vezes, pois muitos dos presos eram transferidos para outros centros de detenção. O ICE, inclusive, solicitou a transferência do jovem para outro estado, mas um juiz negou, atendendo ao pedido da defesa.
Dias depois da prisão, o ICE afirmou que Marcelo, na realidade, não era o alvo da investigação e havia sido preso por engano. Em comunicado, a agência revelou que buscava pelo pai do jovem, João Paulo Gomes Pereira. Apesar disso, Marcelo revelou que, durante os seis dias que ficou preso, os agentes sequer perguntaram sobre seu pai.
“Eles pegaram minha carteira, sabiam que eu estava indo pra escola jogar vôlei, sabiam que eu tinha 18 anos, mas não perguntaram sobre meus pais. Definitivamente, eles estavam atrás de mim”, afirmou.
Além das condições precárias na prisão, Marcelo conta que os guardas do local --com exceção de um, que fugia à regra-- pareciam não se importar com ninguém ali e tratavam os detentos com deboche. Apesar de tudo, ele tentou ajudar a todos que pôde e se apegou à fé para atravessar esse período.
Como havia vários brasileiros e imigrantes de outras nacionalidades na cela, alguns dos quais não sabiam falar inglês, Marcelo atuou como um intérprete, traduzindo documentos e o que os agentes do ICE falavam. Nascido no Brasil, o jovem migrou com a família para os Estados Unidos com 5 anos e vive há 13 em Milford.
Marcelo continua a responder ao processo de deportação, mas sua advogada busca regularizar sua situação. Ele está prestes a se formar na escola e, num futuro próximo, pretende cursar Direito para ser advogado de imigração.