Queda de 787 na Índia reacende crise na Boeing em meio a prejuízo bilionário b3d3t
Até o trágico acidente da Air India em Ahmedabad nesta quinta-feira, o 787 Dreamliner da Boeing tinha um histórico de segurança exemplar. 94a24
No mês ado, a Boeing comemorou o transporte de seu bilionésimo ageiro no 787 Dreamliner - um feito impressionante, considerando que o modelo foi lançado há apenas 14 anos. x252c
Até o trágico acidente da Air India em Ahmedabad nesta quinta-feira (12/6), o modelo era uma referência para viagens intercontinentais e tinha um histórico de segurança exemplar.
Este é um avião diferente do Boeing 737 Max, que esteve nas manchetes após acidentes fatais na Indonésia e na Etiópia, que mataram centenas de pessoas em 2018 e 2019, respectivamente.
Uma falha de software foi identificada como a causa desses acidentes, e o modelo ficou fora de uso em todo o mundo por 18 meses.
Até o momento, não há nada que sugira qualquer falha da Boeing na Índia.
Um panorama mais completo surgirá assim que as caixas-pretas do avião (equipamentos de gravação que armazenam informações vitais do voo) forem recuperadas.
Várias hipóteses foram propostas para explicar o que poderia ter causado o acidente em Ahmedabad, mas um piloto com quem conversei disse que hoje em dia é raro que uma falha do fabricante cause um incidente fatal.
Com a notável exceção dos acidentes com o Boeing 737 Max, ele disse que a maioria se deveu a erro humano na cabine.
Também é importante lembrar que, ao voar comercialmente, você quase sempre estará em um Boeing ou Airbus, já que essa indústria opera como um duopólio efetivo.
Mesmo assim, a Boeing teve nesta quinta-feira seu nome associado a mais um trágico acidente, que deixou pelo menos 241 mortos e apenas um ageiro sobrevivente.
A empresa afirmou que seus "pensamentos estão com os ageiros, tripulação, socorristas e todos os afetados" e acrescentou que está trabalhando com a Air India para reunir mais informações sobre o acidente.
Quando as bolsas de valores abriram em Nova York na quinta-feira, as ações da Boeing caíram 5%.
Problemas em série 6m4472
A tragédia é mais um problema para uma empresa que perdeu quase US$ 1 bilhão por mês em 2024, enquanto luta contra uma crise de segurança, problemas de controle de qualidade e os efeitos de uma greve de 33 mil trabalhadores que durou sete semanas no ano ado.
A gigante aeroespacial perdeu US$ 11,8 bilhões no ano ado — seu pior resultado desde 2020, quando a indústria da aviação foi paralisada pela pandemia de covid-19.
Enquanto a Boeing entregou 348 aeronaves comerciais no ano ado, sua rival Airbus entregou 766.
Além disso, depois que uma de suas portas se soltou de um 737 Max novinho em folha no meio de um voo da Alaska Airlines em janeiro de 2024, a Boeing foi forçada a pagar US$ 160 milhões em indenização.
Segundo investigadores, a porta não havia sido fixada corretamente.
O incidente evidenciou graves falhas no controle de qualidade da Boeing e de seu principal fornecedor, a Spirit Aerosystems.
A empresa também chegou a um acordo de US$ 428 milhões com a Southwest Airlines pelos danos financeiros causados pela paralisação prolongada da frota de 737 Max.
Os problemas na área de defesa da Boeing têm sido menos visíveis, mas não menos prejudiciais. A unidade perdeu mais de US$ 5 bilhões, em grande parte devido ao aumento dos custos com contratos militares de preço fixo.
Até mesmo seu programa espacial teve dificuldades em 2024: dois astronautas ficaram presos na Estação Espacial Internacional em junho, depois que sua cápsula Boeing Starliner apresentou uma falha, o que tornaria o retorno à Terra nela muito perigoso.
A empresa enfrenta ainda acusações de retaliar funcionários que criticaram seus procedimentos.
Em 2019, um ex-funcionário disse à BBC que trabalhadores sob pressão estavam instalando deliberadamente peças abaixo do padrão em aeronaves na linha de produção.
John Barnett, que trabalhou como gerente de controle de qualidade por mais de 30 anos na Boeing, suicidou-se em março do ano ado. A Boeing refutou suas acusações.
Outro denunciante, o engenheiro Sam Salehpour, disse a políticos americanos que foi assediado e ameaçado após levantar preocupações sobre a segurança dos aviões da Boeing.
A empresa garantiu que retaliações em seu ambiente eram "estritamente proibidas" e que registrou desde janeiro um "aumento de mais de 500%" em chamados de funcionários — "o que sinaliza um progresso em direção a uma cultura de denúncias robusta que não teme retaliações", concluiu a empresa americana.
A Boeing também se envolveu em uma série de batalhas judiciais relacionadas aos acidentes na Indonésia e na Etiópia.
No mês ado, a empresa escapou por pouco de um processo criminal ao chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA.
Para consternação das famílias das vítimas, o órgão federal afirmou que a Boeing itiria "conspiração para obstruir e impedir" uma investigação da istração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e pagaria mais de US$ 1,1 bilhão em multas.
Não é de surpreender que a alta diretoria da Boeing tenha ado por uma reformulação significativa nos últimos dois anos.
Seu novo chefe, Kelly Ortberg, saiu da aposentadoria há um ano para tentar reanimar a empresa em dificuldades.
Ele prometeu uma melhoria na cultura de segurança da Boeing e recentemente afirmou estar confiante de que a gigante da aviação retornaria em breve à lucratividade.
Nesta quinta, ele enfrenta mais notícias terríveis para lidar.